Nessa Copa do Mundo, os alemães terão de ouvir vários angolanos, portugueses e brasileiros, todos eles representando mais de duzentos milhões de falantes da língua de Camões. A língua portuguesa nunca esteve tão presente numa Copa como nessa de 2006.
É verdade que, graças ao futebol, o nosso vocabulário aumentou com palavras vindas da Inglaterra, mas é o espírito brasileiro, autêntico e criativo, que enriquece a língua portuguesa através da literatura de João Cabral de Melo Neto, das músicas de Lenine, do cinema de Fernando Meireles e, é claro, através do futebol. São técnicos e jogadores que espalham a brasilidade através do esporte mais popular da Terra.
Futebol é emoção, é grito de guerra e é também uma fábrica criadora de termos e expressões. Se, na história do futebol brasileiro, a influência inglesa chegou através de palavras como football, corner, back e goal, a Língua Brasileira – isso mesmo, Língua Brasileira – rompeu as quatro linhas aportuguesando as palavras inglesas e criando expressões como zona do agrião, correr pro abraço e comer a bola, além de novos significados para gorduchinha, freguês e peixe. Como se não bastasse esse enriquecimento semântico, o Brasil engrandeceu a linguagem e a imagem do futebol mundial com ícones como (preste atenção no apelidos) Didi, Tita, Pepe, Vavá, Zito e Pelé. E vai continuar engrandecendo numa linguagem em que ninguém quer tomar cartão e sim guardar a bola na última gaveta.